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Quarta-Feira, 19 de Fevereiro de 2025
POR: Equipe Valle
Advogados são presos por suspeita de tentar obrigar cantora a assumir dívida milionária do marido, diz delegado
Justiça

Segundo o delegado, para quitar a dívida, o marido da cantora teria chegado a pagar cerca de R$ 200 mil somente de juros. De acordo com ele, a vítima também relatou que os advogados faziam ameaças.

 

Dois advogados foram presos em flagrante, na última terça-feira (18), em Goiânia, após tentarem convencer a cantora gospel e deficiente visual, Angélica Azevedo, a assumir uma dívida de R$ 1 milhão do marido, informou o delegado responsável pelo caso, Humberto Teófilo. Segundo ele, os dois advogados envolvidos foram detidos e tiveram uma fiança estipulada de R$ 25 mil para cada.

 

Como o nome dos suspeitos não foi divulgado não conseguimos contato com as defesas.

 

De acordo com o delegado, o marido da vítima teria feito a dívida após realizar empréstimos com empresários para investir em minérios. Segundo ele, como garantia, a vítima teria deixado três cheques preenchidos no valor de R$ 100 mil cada um com os credores, e mais cinco cheques com os valores em branco.

 

Para quitar a dívida, o marido contou à polícia que chegou a pagar cerca de R$ 200 mil somente de juros, mas destacou que a dívida não tinha fim, até que os empresários alertaram que o valor total estava em R$ 1 milhão. Após ficar sem condições de arcar com o restante do valor, os empresários tentaram incluir a esposa dele na dívida, que tem uma carreira musical e conta com mais de 800 mil seguidores em seu canal no YouTube.

 

"A denúncia ocorreu por meio da presença da Angélica e do marido na delegacia, dizendo que eles estavam sendo vítimas de extorsão por parte dos empresários e dos advogados que os representam. Eles narraram toda a situação e das ameaças em relação à dívida, e ao património dela, que são as redes sociais", declarou Humberto.

 

Segundo ele, a vítima também relatou que os advogados ameaçavam a liberdade de seu marido, dizendo que ele poderia responder pelo crime de estelionato, algo que, segundo o delegado, não é verdade.

 

"Isso não caracteriza crime de estelionato. No máximo, o que eles poderiam fazer é buscar na Justiça alguma dívida civilmente", declarou.

 

Após a denúncia, Humberto conta que as vítimas avisaram que os advogados iriam até a casa deles. Foi assim que, no momento em que os dois advogados chegaram com os contratos da dívida para forçar Angélica a assinar, eles acabaram presos em flagrante.

 

Após o flagrante, o delegado conta que um dos suspeitos optou por ficar em silência, enquanto o outro declarou não ter conhecimento dos contratos e dos cheques. Segundo ele, durante a apreensão dos papeis, um dos suspeitos tentou esconder um envelope dentro da bolsa alegando que seriam documentos pessoais, algo que, mais tarde, os policiais descobriram se tratar dos cheques assinados pela vítima.

 

Segundo o delegado, ambos pagaram pela fiança e foram liberados, mas vão responder por constrangimento ilegal e usura, crime conhecido como agiotagem. De acordo com ele, além dos advogados, os responsáveis diretos também serão investigados e devem responder pelos mesmos crimes.

Em vídeo publicado por Humberto nas redes sociais ao lado de Angélica, ela declarou estar mais aliviada e afirmou confiar na Justiça.

"Estou mais aliviada. Acredito na Justiça de Deus e também na da terra", declarou.
 
 
 

Posicionamento da OAB

 

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) destacou que um procedimento foi aberto para apurar o caso. O órgão pontuou que ambos os advogados foram conduzidos sem a presença de um representante da Ordem, uma prerrogativa da OAB. Com isso, o órgão destacou que foi solicitado um esclarecimento à Polícia Civil, além de um pedido de anulação ou trancamento dos flagrantes.

 

De acordo com o delegado, o direito dos advogados foi atendido e eles ligaram para a Ordem durante a prisão. Segundo ele, um representante esteve na delegacia, mas não foi necessário, já que os suspeitos contavam com um representante particular no local. Ele também destacou que a portaria exige que um representante da OAB esteja presente durante a formalização do auto de prisão em flagrante, e não na condução do advogado até a delegacia.

Cantora de Goiás, Angélica Azevedo, acumula seguidores nas redes sociais com suas músicas no estilo gospel — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Cantora de Goiás, Angélica Azevedo, acumula seguidores nas redes sociais com suas músicas no estilo gospel — Foto: Reprodução/Redes Sociais