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Segunda-Feira, 22 de Janeiro de 2018
POR: Equipe Valle
Com salário de R$ 1,5 mil, policiais civis novatos são forçados a viver em delegacias no interior de Goiás
Policia

Com salário base inicial de R$ 1,5 mil e impossibilitados de arcar com custos de moradia, policiais civis novatos fazem delegacias de dormitórios no interior de Goiás. De acordo com o diretor financeiro do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol) Henrique César de Araújo, essa é a realidade da maior parte dos 397 agentes e escrivães substitutos da PC de Goiás, que tomaram posse no cargo em 2017. “A condição atual desses servidores contradiz o govenador Marconi Perillo, que afirmou recentemente que a Segurança Pública de Goiás tem uns dos mais altos salários do País”.

Assim, após cumprir o expediente, o agente ou escrivão iniciante continua na delegacia, onde também tem acesso a cozinha e banheiro. Para dormir e guardar pertences pessoais, utiliza um dormitório. “Ao invés de ir para casa descansar, ele continua na delegacia porque o salário líquido, que gira em torno dos R$ 1.200 não é suficiente para que eles consigam se manter”.

O caso, segundo com o representante do sindicato, é mais frequente em cidades do entorno de Brasília, “uma vez que as cidades são mais distantes umas das outras e o custo de vida costuma ser mais alto”.

A precariedade, para Araújo, gera um outro problema: insegurança. “Nas cidades do interior, principalmente, delegacias são fixadas em prédios residenciais, sem estrutura nenhuma para abrigar um órgão policial. Os agentes que usam delegacias como moradia estão expostos a riscos durante o seu período de descanso. Além de constrangedor, isso não é correto, inclusive à luz do Direito do Trabalho”.

Além do salário inicial ter sido reduzido pela Lei estadual 19.275/2016, o estágio probatório – período em que o servidor novato permanece sem o benefício da estabilidade do serviço público – aumentou de três para quatro anos.  Segundo Araújo, com essa “manobra, o policial demora um ano a mais para passar a agente de terceira classe, que tem salário de quase R$ 3,6 mil6, com o qual conseguiria se manter sozinho”.

A reportagem do Mais Goiás entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (Segplan), mas nenhum retorno foi dado até o fechamento desta reportagem.