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Domingo, 23 de Abril de 2017
POR: Equipe Valle
Biografia: Trajetória e morte do Ex-Prefeito de Ceres: Sílvio Mundim Pedroza, "o grande populista caipira do interior de Goiás
Biografia

Silvio morreu na madrugada do dia (25/11), aos 79 anos, o ex-prefeito de Ceres, Sílvio Mundim Pedroza. A causa da morte não foi divulgada, mas segundo o seu irmão, Joaquim Mundim Pedroza, o ex-prefeito estava com a saúde debilitada nos últimos meses devido a um AVC.

 

Nascido em Uruana em 01/01/1934, filho de agricultores, Sílvio Mundim Pedroza foi prefeito por dois mandados em Ceres. Ele era casado e pai de três filhos e tinha seis netos.

 

Sílvio Mundim Pedroza, "o grande populista caipira do interior goiano".

 

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Sílvio Mundim Pedroza foi um político ceresino extremamente popular, de um carisma elevado, retórica contagiante que lhe proporcionou o crédito de conquistar facilmente a atenção dos ceresinos. Nas duas vezes que se candidatou à prefeito, ganhou facilmente de seus opositores, que eram muitos e extremamente duros no combate. Na primeira disputa para prefeitura de Ceres, concorreu e venceu Wadhir José Nahum, nas eleições para o pleito de 1959-1962. Ficou cerca de nove meses à frente do executivo ceresino e, apesar do pouco período no poder, conseguiu realizou algumas obras, entre elas deu início à construção da prefeitura de Ceres e do Ginásio Estadual, hoje, Colégio Estadual João XXIII.

 

Os inimigos políticos de Sílvio, inconformados com a derrota e receosos com o forte prestígio popular do prefeito, emplacaram uma violenta oposição a ele. Destaca-se nesse processo, segundo informações de pioneiros e co-autores da história, a ação incisiva e determinante de Benedito da Silva Aranha e Dr. Domingos Mendes da Silva, que subsidiaram o Governo Estadual, com uma saraivada de informações e dados sobre supostas improbidades na gestão de Sílvio, culminando sumariamente numa prematura destituição, sem ampla defesa e com um aroma de injustiça e conspiração no ar. Acabou sendo vítima de um processo sumário de impeachment, acusado de irregularidades na administração do executivo.

 

Em 1966 em mais uma batalha nas urnas ele sagra-se novamente vencedor, agora contra o médico e empresário Dr. Roberto Campos Borges, candidato a prefeito pelo MDB, tendo como vice, o empresário Jonatas Carvalho, ambos ligados ao grupo de Benedito Aranha e do Dr. Domingos Mendes da Silva.

 

Sílvio Mundim sempre foi uma pessoa carismática e querida pela população ceresina, e sua eleição para o segundo mandato foi uma volta por cima, retornando ao poder com uma vitória insofismável, derrotando novamente o mesmo grupo que promoveu sua cassação no pleito passado.

 

Novamente é perseguido e cassado! Nesse mandato ele tem um grupo de opositores mais poderosos e heterogêneos, pois além de não ter maioria na Câmara Municipal, pois só tinha dois correligionários situacionistas, teve ainda que enfrentar a oposição de três deputados estaduais, recém eleitos por Ceres: Dr. Domingos, Leão Caiado e Bianor Barbosa. Diante desse quadro bélico de enfrentamento político, a oposição consegue mais facilmente decretar seu impeachment. Acuado e perseguido até mesmo pela polícia, chegou a refugiar-se na casa dos pais do saudoso Zoroastro Augusto, amigo de Sílvio e que morava na zona rural de Ceres.

 

Nesse processo de cassação, a Câmara de Vereadores, liderada por Adriano Barbosa e Geraldo de Melo e contando ainda com o apoio decisivo dos deputados ceresinos na Assembléia Legislativa, formaram o maior consórcio de políticos em torno de um propósito inquisitorial, dispostos a derrubar, exilar e decretar precocemente a morte política de Sílvio Mundim Pedroza.

 

Os nobres vereadores Efraim Batista e José Alves Barreto foram os dois únicos representantes na Câmara contrários ao processo de impeachment. Mas em vão, por 6 votos a favor da cassação e dois contra, é decretada novamente a cassação, com o mesmo viés golpista e sem ampla defesa do réu.

 

Sílvio Mundim, com ajuda de seus staffs, dentre eles, Jairo Barbosa, pai do atual prefeito Edmário Barbosa, recorrem à justiça com um pedido de liminar, que é prontamente, concedida pelo juiz de direito da cidade de Ceres, Dr. Mauro Campos. O processo de cassação foi revisto, porém o veredicto da Câmara permanecia, ou seja, a decapitação política do prefeito.

 

Com um maior engajamento e articulação da oligarquia política oposicionista, a balbúrdia botaforista inquisitória enfim, após um ano e sete meses de mandato, conseguem depor Sílvio Mundim Pedroza. O fato curioso dessa celeuma golpista que envolveu esse conturbado mandato, foi o sumiço misterioso do livro de atas da Câmara de Vereadores que decretou o impeachment do prefeito.

 

Nesse curto período de quase dois anos à frente do executivo ceresino, Sílvio deixou um legado inesquecível para a população. Dentre suas obras destaca-se a Praça João Pedrosa e grande parte do asfaltamento de 'bloquete', que existia antigamente em nossa cidade. Criou o primeiro conjunto de casas populares para a população de baixa renda da cidade, a Vila Pedrosa, considerada a vila do povo, que se notabiliza até hoje, por ser um berço formador de craques, com destaca para o time do Colorado, o mais antigo e vitorioso time de futebol em atividade na cidade, tendo a frente, no comando da esquadra rubro, Edson Kran, sinônimo de perseverança e amor ao futebol ceresino.

 

No segundo mandato do Governo Lula, houve, parcialmente, a abertura para conhecimento público dos arquivos secretos do Governo Federal, e um dos nomes que foram investigados e espionados pelo SNI, o Serviço Nacional de Inteligência da Ditadura Militar, hoje ABIN, Agência Brasileira de Inteligência Nacional, foi o de Sílvio Mundim Pedroza, que era a 'Geni' da época em Ceres, onde cassar mandatos era regra do regime dominante.

 

Guardada as devidas proporções, Sílvio Mundin Pedroza foi o Jânio Quadros do Cerrado, o grande populista caipira do interior goiano."

 

Escrito por Carlitos Delfino de Borba (Valle Notocias). 

 

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