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Quinta-Feira, 11 de Setembro de 2014
POR: Equipe Valle
Jovem diz que não conseguiu reagir ao ser abusada em ônibus: 'Só chorei'
Sem Categoria

Após denunciar ter sido abusada pelo motorista de um ônibus durante uma viagem, a estudante de enfermagem de 23 anos, que prefere não se identificar, conta que nunca imaginou passar por uma situação parecida. O crime ocorreu na terça-feira (9), na BR-153 proximo a Uruaçu, dentro do ônibus que saiu de Marabá (PA) em direção a Goiânia.

"Eu peguei no sono. Acordei com a mão dele dentro da minha calcinha. Estava sonolenta, empurrei a mão dele. Ele olhou pra mim e disse: ´Que susto’. Não consegui reagir mais, gritar, xingar, virei pro lado e só chorei”, relatou a estudante.

Preso em flagrante, o motorista de 40 anos nega ter cometido o estupro.

Natural de Marabá, a estudante se mudou há três anos para a capital goiana para estudar. Ela conta que este na cidade natal e pegou o ônibus de volta a Goiânia às 14h de segunda-feira (8). 

A jovem relatou que, pouco antes de ser abusada, o veículo parou em uma cidade para que os passageiros tomassem café da manhã. Na ocasião, o motorista se dirigiu a ela. “Ele me disse: ‘Nossa, você dormiu a noite’. Eu respondi apenas um “É” e ele deu um tapinha nas minhas costas, mas não passou disso”, se recorda a jovem.

De acordo com a estudante, ela voltou para o ônibus e o motorista, em vez de se sentar na poltrona destinada a ele, se sentou ao lado dela. “Eu perguntei que horas o ônibus ia chegar em Goiânia e ele disse que estava previsto para as 18 horas. Eu peguei uma blusa, coloquei no meu rosto para tentar dormir porque não tinha dormido direito à noite porque passei muito frio, e não conversamos mais”, disse a universitária.

Ajuda
A jovem relata que, quando conseguiu dormir, o motorista cometeu o crime. Como ela começou a chorar, o suspeito se levantou para ir ao banheiro. Neste momento, a estudante enviou mensagens de celular para a mãe e o namorado informando sobre o que ocorreu. “Meu namorado pediu que eu ligasse pra ele porque estava muito preocupado comigo. Eu liguei e falei baixinho com medo de que alguém escutasse. Ele me disse para pedir ajudar para alguém e foi o que eu fiz”, relatou a vítima.

A jovem se mudou de poltrona e se sentou ao lado de um aposentado: “Não parava de chorar, estava com muita vergonha, mas contei para ele o que aconteceu e ele me incentivou a denunciar. Ele disse quando chegasse em outra cidade ele ia me ajudar”.

O veículo parou em um posto de combustíveis em Uruaçu, no norte goiano, cerca de três horas depois do crime. Ao descer do veículo, a jovem avistou um policial, que a orientou a acionar a PRF. “O motorista viu que eu estava conversando com as pessoas. Ele não almoçou e rapidamente entrou no ônibus e começou a buzinar para que os passageiros voltassem, com pressa para sair. Mas eu não ia sair de lá enquanto a polícia não chegasse. Meu medo era estar dentro do ônibus com ele, do lado de fora não tinha medo”, disse a universitária.

Segundo a vítima, o outro motorista e os demais passageiros não sabiam o que tinha acontecido. Com a chegada da PRF, ela contou o que se passou aos policiais e foi encaminhada, junto com o aposentado e o suspeito à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porangatu.

Flagrante
A jovem passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, mas o resultado ainda não tem previsão para ficar pronto. Após prestarem depoimento, a estudante e o aposentado foram levados por policiais a outra parada de ônibus para pegar o próximo coletivo em direção a Goiânia, pois o que eles estavam tinha seguido viagem.

Ao se interrogado, o motorista negou ter abusado da passageira. “Ele negou tudo, fala que ela esta mentindo, que quer filmagem, quer provas, que é uma injustiça. O mesmo que todos os autores falam”, afirmou a titular da Deam, Jocelaine Braz Batista.

O condutor foi atuado em flagrante por estupro. Como o crime é inafiançável, ele está detido na unidade prisional de Porangatu à disposição do Poder Judiciário. A delegada notificou a empresa de ônibus sobre a prisão do funcionário.

Trauma
A vítima espera que o suspeito seja condenado pelo crime. “Tomei a iniciativa de denunciar porque ele pode fazer isso com outras pessoas, uma criança. Foi difícil levantar a cabeça, o enfrentar, mas não podia deixar que isso passasse impune. Pela tranquilidade dele, acredito que ele já fez isso com outras pessoas”, disse a universitária.

De acordo com a estudante, ele chegou em Goiânia nesta manhã, por volta das 5h30. Ela conta que ainda não conseguiu dormir. "A imagem não sai da minha cabeça, sinto ele me encostar, não consegui dormir ainda, tentei

conversar com meus vizinhos, mas é muito complicado”, disse a vítima.

 

g1