Nos últimos dias, circulou na rede social Facebook fotos contendo cenas estarrecedoras de desrespeito ao ser humano.
Trata-se de trabalhadores da Prefeitura Municipal de Ceres apinhados na caçamba de um caminhão aos pedaços, sem a mínima condição de circulação, segundo as leis de trânsito do nosso país. Sem pára-choques dianteiro e traseiro e com os pára-lamas corroídos pela ferrugem, seguia o “ferro velho” ambulante pelas ruas da cidade.
Não havia para essas pessoas transportadas nenhuma condição de segurança para executar as suas atividades. A caçamba do veículo, sem a tampa traseira, e com a carga escorada por tábuas - o volume era bem maior que a capacidade lateral de contenção - não proporcionava a mínima condição de transportar gente.
Não bastasse essa situação de periculosidade, esses trabalhadores estavam expostos a uma deplorável situação, degradante por si só, de extrema insalubridade, pois trabalhavam junto ao lixo recolhido e colocado naquela precária caçamba. Isso mesmo, os trabalhadores em contato direto com o lixo!
No Portal da Transparência do TCM-GO, depara-se com uma série de despesas realizadas pelo município de Ceres contratando consultorias das mais diversas especialidades, desde jurídica até empresas especializadas em projetos para captação de recursos junto a governos estadual e federal, cuja remuneração chega a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).
Verifica-se, também, que não são poucos os recursos públicos aplicados em locação de veículos e na aquisição de pneus. Talvez os valores pagos por essas locações dariam para adquirir os veículos e, assim, investir com mais eficiência no patrimônio do Município.
Extrai-se, também, do Portal que, recentemente, autoridades ligadas a um propalado “consórcio do lixo”, almoçaram em um restaurante de bom nível para os padrões locais e as despesas foram pagas pelo município de Ceres.
Não é exagero afirmar que parcela significativa da sociedade é contra essas consultorias caras, cujas atividades, em tese, poderiam ser desempenhadas pelo próprio quadro de pessoal da prefeitura, assim como não concorda com os altos valores pagos a título de aluguéis de caminhões, kombis, etc. Discorda, também, da atitude da municipalidade de bancar refeições a pessoal ou autoridades que recebam diárias para os seus deslocamentos.
É chegado o momento de se refletir na melhor aplicação do dinheiro público. Não seria melhor investir na renovação da frota para proporcionar segurança aos trabalhadores e aos cidadãos ceresinos que são expostos ao perigo iminente de transitar nas mesmas ruas em que se locomove o “ferro velho”? Não seria mais importante investir em uma consultoria voltada para a segurança do trabalho?
Almeja-se que as autoridades municipais sejam sensíveis ao alerta das redes sociais e busquem a solução desse problema o quanto antes, evitando-se que cenas como as descritas voltem a se repetir na cidade, respeitando-se o cidadão contribuinte e o trabalhador que, acima de tudo, é um ser humano.
Questões tão básicas, mas que a cidade de Ceres ainda, infelizmente carece dessa atenção por parte dos seus gestores. Vão implantar a SMT, mas isso é assunto para o próximo artigo.
Djalma Leandro Junior é cidadão ceresino.